É com grande satisfação que damos as boas-vindas ao nosso Seminário Internacional “Ecotoxicologia Aplicada na Ecologia Funcional”. Este evento representa um espaço crucial para a convergência de conhecimentos e a discussão de estratégias inovadoras frente aos desafios da contaminação ambiental e da degradação ecológica. Vivemos em um período de intenso debate de paradigmas sobre a compreensão científica das intrincadas relações entre os organismos e seus ambientes sob a influência de agentes tóxicos, cuja compreensão profunda é essencial para a sustentabilidade do nosso planeta.
A ecotoxicologia aplicada, ao investigar os efeitos dos poluentes nos ecossistemas, tem sua dimensão amplificada quando integrada à ecologia funcional. A ecologia funcional nos convida a olhar para além da simples presença ou ausência de espécies, focando nas funções que desempenham dentro do ecossistema e como suas características funcionais modulam as interações ambientais. Unidas, abre-se um leque de possibilidades para compreender os mecanismos pelos quais a contaminação afeta a saúde e a resiliência dos ecossistemas, e, crucialmente, para desenvolver abordagens mais eficazes para a sua regeneração.
O Seminário está estruturado em cinco Grupos Temáticos que exploram as diversas facetas da aplicação da ecologia funcional na ecotoxicologia. A partir de uma perspectiva de diversidade de paradigmas, os Grupos Temáticos abordarão o entendimento das funções desempenhadas pelos organismos na otimização dos processos de restauração, especialmente em ambientes intoxicados. Entendemos que a interface entre a produção de alimentos, a ecotoxicologia e o desenho das funções ecológicas explorando desenhos de arranjos funcionais da agrobiodiversidade pode impulsionar agriculturas que fortaleçam o enriquecimento, a regeneração e a estrutura dos ecossistemas circundantes, que inclui as métodos para avaliar o potencial do desenho de comunidades de organismos para a remoção, degradação ou imobilização de poluentes no solo e na água, com foco no reaproveitamento integrado de resíduos das diferentes cadeias agroalimentares e florestais. São portanto necessárias métricas confiáveis para avaliar os indicadores da regeneração em paisagens e socioambientes contaminados para a garantia da saúde ambiental das comunidades locais, em intervenções em escala biorregional, investigando métodos, processos e tecnologias inovadoras para identificar as causas da degradação de paisagens afetadas pela poluição e promover a restauração, a conectividade ecológica e a contiguidade biorregional.
Ao longo do Seminário teremos a oportunidade de aprofundar nosso entendimento sobre como a ecologia funcional pode informar e potencializar as ações da ecotoxicologia aplicada, e vice-versa.
Esperamos que as discussões e os conhecimentos compartilhados nos Grupos Temáticos contribuam significativamente para o avanço de soluções inovadoras e ecologicamente fundamentadas para a reversão da degradação ambiental e a promoção de ambientes saudáveis e duradouros para as nossas comunidades e países. Sejam bem-vindos!

GT 1: Ecologia Funcional e Restauração Ecológica
Este grupo temático concentra-se na compreensão das funções desempenhadas pelos organismos e suas relações com o ambiente, e em como as características funcionais emergentes podem otimizar os processos de restauração ecológica, incluindo particularmente ambientes intoxicados. Desde a perspectiva da diversidade de paradigmas na Ecologia Funcional e na Ecotoxicologia Aplicada, serão discutidas abordagens que utilizam a ecologia funcional para propor arranjos de espécies, e estratégias que restabeleçam a estrutura e a resiliência das funções ecológicas dos ecossistemas, em condições de stress ecotoxicológico. O foco estará portanto em como os diferentes desenhos funcionais podem orientar interações eficazes para recuperar a saúde e a estabilidade de ecossistemas degradados, acelerando os estágios de regeneração e a promoção de serviços ambientais chave após perturbações tóxicas.
GT 2: Ecologia Funcional e Produção de Alimentos
Neste GT, explora-se a interface entre a produção de alimentos, a ecotoxicologia e o desenho das funções ecológicas. Serão abordados os efeitos das agriculturas convencionais nas funções vitais dos agroecossistemas mediados por diferentes grupos funcionais de organismos. Será especificamente discutido como a análise do desenho de arranjos funcionais da agrobiodiversidade pode promover agriculturas que fortaleçam o enriquecimento, a regeneração e a estrutura dos ecossistemas envolventes. Assim, o objetivo é identificar estratégias baseadas na funcionalidade ecológica dos arranjos agrobiodiversos para promover sistemas alimentares seguros e soberanos.
GT 3: Desenho de Sistemas de Remediação Ambiental
Este grupo foca-se na inovação em técnicas de remediação, integrando princípios da ecologia funcional no seu desenho e implementação. Examinaremos métodos e práticas de fitorremediação, biorremediação e regeneração, avaliando como o desenho de comunidades de organismos pode potenciar a remoção, degradação ou imobilização de poluentes no solo e na água, com especial ênfase no reaproveitamento integrado de resíduos das diferentes cadeias agroalimentares e florestais. A discussão incluirá as perspectivas e métodos de avaliação da eficácia dessas abordagens na redução da carga tóxica, e sobretudo na restauração das funções ecossistêmicas durante e após a fase mais intensiva de intervenção . O propósito é avançar no desenvolvimento de soluções de promoção da saúde ambiental ecologicamente integradas.
GT 4: Indicadores de Regeneração Socioambiental
Este GT aborda a necessidade de métricas robustas para avaliar o sucesso dos processos de regeneração em paisagens e socioambientes tóxicos. Serão explorados indicadores baseados na ecologia funcional – como a recuperação de funções ecossistêmicas chave, a diversidade e a redundância funcionais – e como estes se correlacionam com a garantia da saúde ambiental das comunidades locais. A discussão visa percorrer a diversidade de indicadores que capturem a complexidade dos estágios de regeneração dos ecossistemas na sua contiguidade com a reprodução e a produção dos modos de vida, permitindo monitorizar eficazmente o restabelecimento da saúde do ecossistema e o bem-estar humano nos seus lugares de vida.
GT 5: Tecnologias e Processos para a Reversão de Paisagens Tóxicas
Focado em intervenções na escala biorregional, este grupo temático investigará métodos, processos e tecnologias inovadoras orientados a identificar as condições causadoras da degradação de paisagens inteiras afetadas por poluição difusa ou concentrada, e revertê-las em condições de restauração ecológica. Serão apresentadas e debatidas abordagens de manejo adaptativo, tecnologias de tratamento e desenhos integrados que consideram a dinâmica funcional da paisagem, com ênfase na conectividade ecológica e na contiguidade biorregional. O objetivo é explorar como a integração do conhecimento ecotoxicológico com os princípios da ecologia funcional ao nível da paisagem pode guiar o desenvolvimento de estratégias transformadoras para desintoxicar e revitalizar territórios nas suas complexidades, enriquecendo a maturidade ecológica da sua estrutura funcional ao longo do tempo.